quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Quando beber muita água pode ser prejudicial à saúde





O Ministério da Saúde, em seu blog, afirma que a quantidade de água necessária diariamente é variável.

Foto: Reprodução / BBC

A recomendação dos médicos para quem está doente é clara: descanso e beber muito líquido. Mas, recentemente, médicos do Reino Unido começaram a destacar a importância de explicar exatamente quanta água precisamos beber quando não nos sentimos bem.

A advertência veio dos médicos do King's College, de Londres.

Eles trataram de uma mulher de 59 anos que estava sofrendo de hiponatremia depois de ingerir uma quantidade excessiva de água para tentar curar uma infecção urinária.

A hiponatremia ocorre quando o nível de sódio, elemento que ajuda a controlar a quantidade de água nas células no sangue, fica abaixo do normal.

Entre os sintomas estão náusea, vômitos e dor de cabeça. O paciente também pode apresentar confusão mental e até convulsões. Em casos mais graves, a pessoa pode morrer.

O problema geralmente é observado em pessoas que praticam esportes de resistência, como maratonas, ou pessoas que consomem a droga ecstasy. Idosos também podem ser vulneráveis ao problema.

Em um artigo na revista especializada BMJ Case Reports, os médicos explicaram que é o caso da mulher é raro em pessoas saudáveis, mas voltaram a alertar que é preciso especificar qual a quantidade de água os pacientes precisam.

"Existe uma escassez de pesquisas que avaliem os riscos e benefícios do conselho 'beba mais fluidos'", escreveram os médicos.

Perdendo o controle

A paciente cujo caso foi descrito pelos médicos foi internada em Londres para o tratamento de uma infecção.

Logo ela começou a apresentar sintomas como tremores, confusão, problemas para falar e vômitos.

"Lembro de ver minha mão tremendo muito e fiquei me perguntando se poderia parar, mas então percebi que meu corpo todo tremia. Naquele momento fiquei apavorada", explicou a paciente, cujo nome não foi divulgado.

Ela pensou que estava tendo um derrame e lembra de não conseguir expressar o que estava sentindo e nem controlar os próprios movimentos.

A paciente revelou que tinha bebido vários litros de água em apenas poucas horas, tomando como base o conselho médico de beber muita água para se livrar da infecção urinária.

Os médicos então restringiram o consumo de água da paciente nas 24 horas seguintes, e ela se recuperou.

A paciente relatou que se sentiu fraca depois do tratamento e ainda precisou de cerca de uma semana para se sentir normal de novo.

Em um outro caso relatado, uma mulher morreu de hiponatremia depois de consumir grandes quantidades de água quando teve uma gastroenterite.

Quantidade específica

Os autores do estudo alertam que, quando a função renal da pessoa é normal, este problema não é comum. E uma das autoras justifica os conselhos de médicos para beber muitos fluidos.

"Quando uma pessoa está doente, ela tende a não tomar muita água pois isso é a última coisa que quer fazer. Por isso, ela pode se desidratar facilmente", contou Maryann Noronha.

"Para neutralizar este risco, os médicos dizem: 'beba muito líquido'. Isso perpetuou o mito de que é preciso beber litros e litros de água", acrescentou.

Tom Sanders, professor emérito de nutrição no King's College de Londres, disse que estes casos não significam que o conselho de beber bastante água esteja errado.

"Os pacientes precisam ter um suprimento de água adequado perto de suas camas e devem ser estimulados a beber ou ajudados a beber", explicou.

Sanders afirma que isto é muito importante para pacientes idosos que, frequentemente, sofrem de desidratação.

Os autores dos estudo afirmam que, no final das contas, a quantidade de água que devemos ingerir varia muito de pessoa para pessoa.

Mas, o importante é quando estamos doentes manter o mesmo nível de consumo de quando estamos saudáveis. Ou até uns 50% a mais.

Na Inglaterra o serviço de saúde público, o NHS, recomenda que uma pessoa beba entre seis e oito copos de líquido por dia, incluindo água, chá, café e outras bebidas frias ou quentes.

Já o Ministério da Saúde brasileiro, em seu blog, afirma que a quantidade de líquido que uma pessoa deve consumir diariamente "é variável, pois depende de alguns fatores, como a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde ela vive. Para algumas pessoas, a ingestão de dois litros de água por dia pode ser suficiente, outras precisarão de três ou quatro litros ou mesmo mais, como no caso dos esportistas".

Citando uma recomendação do Guia Alimentar da População Brasileira, o blog do Ministério explica ainda que "com relação à quantidade de água que devemos ingerir, (a recomendação) é extremamente simples: a quantidade que o organismo pedir".

Mas é possível também observar alguns sinais. Como por exemplo: se você está tomando a quantidade suficiente de água, sua urina deve ser de cor amarela clara; se você bebe pouca água, a urina fica muito escura. Se estiver bebendo líquido demais a urina será de uma cor extremamente clara e transparente.

Imitar voz de criança para falar com bebês beneficia desenvolvimento cerebral, indica estudo





Sensores são usados em estudo para investigar ondas cerebrais dos bebês.

Foto: Reprodução / BBC

Se você é um daqueles que criticam os mais velhos por imitarem a fala de uma criança ao conversar com bebês, um estudo pode ser a prova de que, na verdade, eles sempre estiveram certos.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, conduzem uma pesquisa com bebês e suas mães para entender como funciona o desenvolvimento do cérebro das crianças.

Os cientistas já descobriram que eles aprendem melhor quando suas ondas cerebrais estão em sincronia com as dos pais. E mais que isso: quando a comunicação é feita por uma conversa com voz de criança ou por músicas infantis.

O estudo, que foi feito com o escaneamento dos cérebros dos bebês, também sugere que eles precisam se sentir seguros e amados para que as conexões no cérebro se formem propriamente, levando ao aprendizado efetivo.

Ganhando foco

Para um recém-nascido, o mundo é como diversas ondas de imagens e sons, uma sobrecarga de informações.

Mas com o tempo ele vai ganhando foco - os bebês logo aprendem a reconhecer rostos e vozes e, ao longo dos meses, aprendem a engatinhar, entender a língua e se comunicar com quem está ao redor.

Esse é um momento crucial em nossas vidas, quando conexões importantes começam a ser formadas no cérebro.

É para entender em detalhes como isso acontece é que os pesquisadores de Cambridge estão escaneando os cérebros dos bebês e de suas mães enquanto ambos estão interagindo e fazendo novas atividades.

As primeiras descobertas mostram que as crianças não aprendem tão bem quando suas ondas cerebrais e as da mãe estão fora de sintonia. Mas, quando ambos estão plenamente sincronizados, a assimilação de informação ocorre de maneira muito eficiente.

A pesquisadora Victoria Leong, que está liderando a pesquisa, afirma que o estudo tem mostrado que os bebês tendem a aprender melhor quando as mães se comunicam com eles usando uma voz bem calma e tranquila, que até imita um pouco o jeito dos próprios bebês - ela costuma chamar essa "língua" de "motherese" (linguagem de mãe, em uma tradução livre).

Ela também aponta que rimas musicais infantis também são uma forma efetiva de sincronizar o cérebro das mães com o dos bebês.

"Pode soar estranho para nós, mas os bebês realmente amam ouvir o 'motherese', até mais do que o estilo adulto normal de falar. Prende a atenção deles melhor e também soa mais claro. Então já sabemos que, quanto mais o bebê ouvir 'motherese', melhor será o desenvolvimento de sua linguagem", explicou.

Leong explica que a mesma máxima vale para os pais, avós e outras pessoas próximas - sempre que ouvem rimas infantis ou a chamada "voz de criança", eles conseguem se conectar melhor com o interlocutor.

A pesquisa, porém, é focada apenas na interação entre mães e filhos por enquanto.
"O cérebro do bebê está programado para responder ao 'motherese' e é por isso que essa é uma forma muito efetiva de ensiná-los sobre coisas novas", diz.

A equipe de Leong também descobriu que os bebês respondem melhor a interações quando elas são acompanhadas de um contato visual, no olhar, mais prolongado.

Mães que cantavam músicas infantis olhando diretamente nos olhos de seus bebês conseguiam a atenção deles de maneira significativamente melhor do que outras que desviavam um pouco o olhar, ainda que ocasionalmente.

Isso quer dizer que pais "multitarefas" deveriam ficar preocupados se, de vez em quando, dão uma olhada no celular enquanto estão cuidando de seus bebês?

"Não, nada disso", esclarece Leong. "A maioria dos pais faz um trabalho ótimo quando cuidam de seus filhos. O desenvolvimento do cérebro só será afetado em casos extremos de negligência ou falta de atenção."

O próximo passo é tentar entender o que acontece no cérebro desses bebês quando eles estão recebendo uma "atenção de qualidade".

"Meu trabalho é compreender os fundamentos neurológicos desses efeitos", diz a pesquisadora.

"Como o cérebro do bebê trata as interações sociais com sua mãe e como isso ajuda na aprendizagem?", exemplifica.

Aprendizado

O cérebro humano demora muitos anos para se desenvolver - afinal, há muito o que aprender.

Os bebês exploram formas diferentes de reconhecer o mundo - primeiro por meio de brincadeiras -, até que, de repente, uma conexão é formada e fortalecida no cérebro. É aí que podemos dizer que ele "aprendeu".

Mas de acordo com Kirstie Whitaker, pesquisadora do Departamento de Psiquiatria de Cambridge, algumas vezes essas conexões podem ocorrer rápido demais.

"Se os bebês têm experiências mais estressantes logo no início da vida, seus cérebros acabam se desenvolvendo de maneira muito rápida. E aí, em vez de desenvolverem as melhores conexões, eles ficam com essas instantâneas", diz.

"É, portanto, uma das razões pelas quais eu insistiria para que as pessoas criem um ambiente de apoio e cuidado para permitir que as crianças explorem e permaneçam nesse período de desenvolvimento do cérebro, que é particularmente curioso e flexível, pelo maior tempo possível."

A pesquisadora Leong acrescenta que o comportamento gerado pelo amor é essencial.

"Estimular a conversa, dar atenção e passar um tempo junto é muito bom para o aprendizado dos bebês."

Por que algumas regiões do Brasil não conseguem vencer a hanseníase?





Brasil é o único país do mundo que não alcançou meta da ONU para a hanseníase em 2015; apesar de avanços nos últimos anos, ainda há diferenças grandes entre Estados.

Foto: Reprodução

Parecia uma alergia a picada de inseto. Mas uma enfermeira que visitou a escola de Evelin teve outra suspeita.

Aproximou um tubo de ensaio quente e outro frio na mancha vermelha na mão da menina, deu uma ligeira alfinetada e passou algodão por cima.

A menina acusou sensibilidade, mas nem tanto. A mancha, que avançava na direção do polegar, estava dormente. Tinha cara de hanseníase. E era.

Moradora de São Luís, no Maranhão, Evelin encorpa, aos dez anos, a estatística da doença em território nacional.

A cada ano, o Brasil registra 30 mil casos novos de hanseníase, enfermidade já controlada em grande parte do mundo. Perde apenas para a Índia, com 126 mil registros/ano.

Terra de Evelin, o Maranhão é líder em casos absolutos no Nordeste e segundo no país (atrás apenas de Mato Grosso), com cerca de 3,5 mil novos casos por ano informados ao Ministério da Saúde. A pobreza e baixos índices sociais, assim como a falta de médicos, estão entre as principais dificuldades apontadas para lidar com o problema.

Dos 217 municípios maranhenses, apenas 17 não relataram ter doentes de hanseníase em 2015 - e ainda assim, estes podem ter simplesmente não tê-los descoberto.

"Como esses 17 não têm registro algum, se em volta todos têm?", questiona Léa da Costa, superintendente de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde.

A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa que atinge pele e nervos periféricos, e é comumente transmitida por pessoas doentes que não estão em tratamento.

Tem cura, mas pode provocar graves incapacidades físicas se o diagnóstico demorar ou se o tratamento for inadequado. O tempo entre contágio e aparecimento dos sintomas varia de dois a cinco anos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou pouco mais de 175 mil casos no mundo no final de 2015, mas considera a doença sob controle - quando o índice de prevalência é de menos de um caso para cada 10 mil habitantes - desde 2000.

No Brasil, o índice já recuou mais de 70% nos últimos 12 anos e ficou em 1,01 em 2015, mas ainda há enorme variação entre as unidades da Federação - no Maranhão, por exemplo, estava em 3,76 em maio passado.

O Maranhão também lidera em casos entre menores de 15 anos - são cerca de 400 por ano, ou 12% do total do Estado.

No Brasil, essa participação das crianças em novos casos fica em torno de 7% a 8%, o que mostra quão ativa a doença ainda é no país - uma criança doente indica em geral que há um adulto não tratado transmitindo hanseníase.

"Isso ratifica o fato de termos uma endemia oculta e que ainda deve permanecer por muito tempo aqui", afirma o dermatologista Marco Frade, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).

Discutindo causas

A situação da hanseníase no Maranhão e em Estados mais afetados foi um dos principais temas do 9º Simpósio Brasileiro de Hansenologia, que ocorreu no final de novembro em São Luís.

O contágio se dá via aérea; o bacilo causador da doença pode ser passada por tosse, espirro e secreção nasal -, mas 90% da população tem defesa natural contra ela.

O contágio, contudo, depende muito das condições nutricionais, de higiene e de educação - e o Maranhão, por exemplo, é um dos Estados com piores índices sociais do país. Quanto mais baixa a imunidade, maior o risco.

Um estudo recente mostrou, por exemplo, que apenas 2% dos pacientes de hanseníase registrados no Estado de 2000 a 2012 tinham curso superior completo.

"Essa é uma doença de pobre", enfatiza Maria Leide de Oliveira, coordenadora do SIG (Grupo de Interesse Especial, na sigla em inglês) de Hanseníase da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O tratamento da hanseníase é relativamente simples. Diagnosticado, o paciente recebe de graça medicamentos de ingestão oral padronizados pela OMS.

É a chamada polioquimioterapia, ou PQT, que mata 90% dos bacilos de Hansen na primeira tacada. As doses seguintes podem se estender por seis meses a um ano, a depender se o caso é paucibacilar (poucos bacilos) ou multibacilar (muitos bacilos).

Se seguir o tratamento à risca, a pessoa recebe alta por cura. No entanto, o que perdeu de sensibilidade, acuidade e força pode ter perdido para sempre. Daí a necessidade de um diagnóstico precoce, para evitar sequelas como incapacidades e deformidades.

Diagnóstico

Leoneide Bastos teve a sorte da boa intuição. Seu primeiro sintoma foi uma mancha esbranquiçada no antebraço, que mais parecia uma micose. Mas a pomada caseira, normalmente eficaz, não deu resultado.

A mancha continuava ali, e passou a incomodar a enfermeira de São Luís, que a escondia da vista alheia. Um dia, ela cutucou o local com a ponta de uma caneta.

A sensibilidade naquele braço em relação ao outro parecia igual. Tempos depois riscou um fósforo, apagou a chama e aproximou o palito da mancha. Mal sentiu a queimação.

"Foi quando falei com o meu irmão, que é dermatologista, e ele logo desconfiou de hanseníase."

A primeira biópsia deu negativo, a segunda idem. No entanto, a presença da mancha, a insensibilidade local e a posterior fraqueza naquele braço indicavam que Leoneide apresentava a forma mais branda, a tuberculoide.

Ela tinha 28 anos na época, e doze meses depois recebia alta. Hoje, aos 40 anos, depois de também se curar de um câncer, compara sua reação a uma e outra doença.

"Acho que a tristeza e a negação foram muito parecidas, embora a hanseníase seja bem menos grave que a presença de um tumor".

Contato

A contaminação também depende da exposição frequente ao Mycobacterium leprae, nome científico do bacilo de Hansen. "O contágio parece implicar uma carga continuada de bacilos", afirma Marco Frade, da SBH.

Não é à toa que esteja mais presente em locais de grande aglomeração - e não é à toa que normalmente o transmissor é alguém da família ou uma pessoa próxima. O bacilo tem incubação lenta - de dois a sete anos -, e a infecção pode levar esse tempo todo para se manifestar.

"Tem criança doente cuja fonte de contágio foi o avô", destaca Maria Leide de Oliveira.

Outro tópico muito debatido no encontro em São Luís foi a baixa notificação da doença, atribuída em parte à ausência de médicos em áreas mais remotas.

O Maranhão, segundo o Conselho Federal de Medicina, detém a menor taxa de médicos do país: 0,79 para cada mil habitantes. No entanto, mesmo nos centros em que há mais profissionais da saúde, é grande o desconhecimento da doença.

"As pessoas aprenderam mais sobre hanseníase nas igrejas do que nas escolas, é como se essa infecção não existisse mais", diz Marco Frade. E quem sabe que ela existe nem sempre sabe reconhecê-la, seja nos primeiros sinais, seja em seus sintomas incapacitantes.

Um paciente de Frade, por exemplo, chegou a ele após um tratamento pesado contra uma suposta doença autoimune, com indicação inclusive de transplante de medula, quando na verdade as mãos e os pés em garra e a dormência eram manifestações de uma hanseníase avançada, multibacilar.

"Precisamos perceber esses pacientes antes que virem figuras de livro", alertou, em referência aos casos mais dramáticos.

Preconceito

Não bastassem tantas complicações no diagnóstico, há outra de ordem semântica: a falta de um nome que dimensione a gravidade da doença sem que se aumente seu estigma milenar.

A lei 9.010, de 1995, oficializou no Brasil a mudança do termo lepra para hanseníase. "Só quem passa por esse diagnóstico sabe o que significa o medo de ser chamado de leproso", diz Pollyane Medeiros, voluntária do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).

Pollyane é de Recife, que em 2015 ocupava o nono lugar em casos detectados no país. Aos 26 anos, a falta de força em um dos braços a levou a peregrinar por dez consultórios médicos até que uma eletroneuromiografia apontou o comprometimento do nervo.

Identificada a hanseníase, a funcionária pública fez tratamento para anular a carga bacilar e se afastou do trabalho por três anos, tempo durante o qual fez 120 sessões de fisioterapia, 40 de acupuntura e 80 de terapia ocupacional.

Ela diz acreditar ter pegado a doença de um vizinho que convivia diretamente com a família e que apresentava várias placas no corpo, sinais que hoje desconfia ser de hanseníase.

A questão é que, para alguns, o termo cunhado para homenagear Gerhard Armauer Hansen, descobridor do bacilo em 1873, ainda é distante e complexo para a população brasileira.

"Muitos acham que lepra é doença de gente e hanseníase é doença de cachorro", afirma Maria Leide de Oliveira, referindo-se à confusão com a leishmaniose.

"Do ponto de vista do estigma, a mudança foi boa, mas talvez tenhamos minimizado demais o impacto da infecção", completa.

O hansenólogo Egon Daxbacher, médico pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, vai além. Não só discorda da palavra lepra como prefere "portador de hanseníase" em vez de hanseniano.

Por coerência, usa "portador de diabetes" e não diabético, e "portador de hipertensão" no lugar de hipertenso. "O problema é adjetivar uma pessoa com uma doença", afirma.

Remanescentes

Antiga colônia de portadores de hanseníase, retrato de um tempo em que os doentes eram isolados, o Hospital Aquiles Lisboa, na periferia de São Luís, é centro de referência para tratamento da doença no Maranhão.

O hospital está aberto à população em geral, mas se tornou referência em hanseníase pelo próprio histórico. Seus 15 leitos de internação, contudo, normalmente ainda abrigam apenas sequelados da doença, muitos vindos do interior.

"O portador de hanseníase devia ser atendido em qualquer hospital, mas não é bem assim que acontece", diz Raul Fagner da Silva, diretor administrativo do Aquiles.

"O preconceito ainda é muito grande, principalmente do pessoal da saúde, que deveria oferecer um tratamento humanizado, mas não o faz."

Deusanira Pereira de Souza, de 59 anos, é uma das pacientes. Recebeu o diagnóstico aos 16 anos, e a partir de então a falta de sensibilidade nas extremidades só lhe fez castigar o corpo. Ela perdeu todas as falanges dos dedos das mãos, um dos pés tem os dedos em garra e o outro, com uma úlcera que não sara, está para ser amputado.

Souza parece resignada com a cirurgia. "Quero acabar com essa dor e parar de tomar tanto remédio; estou com anemia e isso está acabando com os meus rins", diz, enquanto mostra a perna avermelhada escapando da gaze.

O Aquiles Lisboa é velho conhecido de Deusanira Souza. Ali ela morou com "dona" Domingas Borges, que viveu o período de internação compulsória para hansenianos, medida que vigorou no Brasil de 1923 a 1962 e que teve pico no Brasil nos anos 1940.

Isso era comum à época: crianças e adolescentes detectados com a doença eram enviados para o local, e a administração escolhia com quem morariam.

Naquele período, o governo abriu cerca de 40 "leprosários" no país, hoje todos fechados ou funcionando como hospitais convencionais. O Aquiles, mais conhecido como Colônia do Bonfim, é um pouco anterior, de 1937.

Chegou a ter 600 internos isolados numa estrutura que abrigava cinema, refeitório, igreja, escola, cemitério, delegacia e prefeitura. Dentro do terreno do hospital foram mantidas algumas casas de antigos moradores, aqueles internados compulsoriamente.

"A direção do vento determinava a posição geográfica das colônias", diz o paciente Flávio Lisboa, as mãos com dedos incompletos, os pés em botinas especiais, uma medalha de Jesus Cristo no peito.
"O vento precisava soprar da zona sadia, onde ficava a administração, para a zona doente, onde ficávamos", explica.

Com a morte de dona Domingas, em 2013, restaram dois do período do isolamento obrigatório dos doentes: Flávio, de 70 anos, e Maria Lucinda Santiago Pinheiro, de 74 anos, que não estão mais infectados pelo bacilo de Hansen, mas lidam com as consequências da doença.

Eles ocupam duas das 30 casas do terreno, recebem pensão vitalícia do governo federal e Lisboa conta com outra, de um salário mínimo, do governo do Maranhão. Não pagam aluguel, nem água, nem luz, mas a TV e a internet são por conta deles.

Lisboa, obrigado a parar de estudar na adolescência por causa da internação, gosta de palavras novas, cujo significado sonda no Aurélio. A última que aprendeu foi "adrede". "Significa 'de propósito'", diz, orgulhoso do conhecimento.

Souza vira com dificuldade as páginas de outro livro, um evangelho comentado para cada dia do ano, que ela abriga embaixo do travesseiro do hospital. Lá está o provérbio do dia: "O desejo mais profundo da humanidade é o da imortalidade."

No caso dela, o desejo mais íntimo é sair dali para cozinhar para a família. Seu provérbio pessoal para uma doença curável e sem propósito no século 21 é mais amargo. "Ela veio para destruir os membros mais importantes do ser humano: as mãos e os pés."

Fisiculturista americana com câncer se torna inspiração na internet

LUCAS RESENDE
do PORTAL TRIÂNGULO, em ARAGUARI, (MG)

Ela compartilha como a quimioterapia a fez perder seus cabelos, e perder peso.

Foto: Reprodução / Instagram

Uma fisiculturista americana se tornou uma inspiração nas redes sociais. A americana Cheyann Shaw, de 24 anos, foi diagnosticada com uma forma rara de câncer de ovário. A jovem causou comoção nas redes sociais por postar fotos de seu novo tipo desde que foi diagnosticado com câncer.

A americana era conhecida por suas fotos postadas em treinamentos. Ela compartilha como a quimioterapia a fez perder seus cabelos, e perder peso.

"A parte mais difícil de tudo isto é o meu corpo mudar.
 Eu tenho um tempo difícil olhar para mim
mesmo no espelho,
mas estou aprendendo a me amar de novo e eu sei
que isso é apenas temporário. "
A americana seguiu postando as imagens nas redes sociais desde que foi diagnosticada com o câncer. Segundo ela, o câncer foi descoberto no estágio quatro. Em uma semana a jovem perdeu 10 quilos. A americana também relatou a sua perda muscular.

Internautas se comoveram após a jovem postar fotos de seu antes e depois da doença. A fisiculturista já perdeu mais de vinte quilos.

Cheyann esta otimista. "Isso é pequeno para mim.", disse ela nas redes sociais. "Eu perdi tudo. O câncer tem tomado muito de mim. O corpo que eu trabalhei tão duro para 2 anos para chegar, a capacidade de ter e levar o meu próprio filho, meu cabelo, e muito mais, mas uma coisa é certa é que o câncer não tenha tomado a minha luta e fé.", disse ela nas redes sociais.

"Eu nunca vou parar de lutar. Eu nunca vou perder minha fé. Eu nunca vou deixar a vitória do câncer.", disse. "Hoje foi um dia difícil para mim mentalmente, mas tudo bem. Eu sei que amanhã será muito melhor e eu sou grata por estar viva e ver outro dia.", disse.

"Esta é a batalha mais difícil que tem e sempre terá de enfrentar, mas eu sei que posso fazê-lo. A parte mais difícil de tudo isto é o meu corpo mudar. Eu tenho um tempo difícil olhar para mim mesmo no espelho, mas estou aprendendo a me amar de novo e eu sei que isso é apenas temporário. Assim que eu receber a luz clara de treino, eu estarei no ginásio batendo os pesos.", afirma a fisiculturista.

A história comoveu internautas pelo mundo. "Você está linda.", "Desejo muito amor e força.", são mensagens enviadas por internautas a jovem.

Ibuprofeno pode reduzir o risco de morte por câncer de pulmão em fumantes

LUCAS RESENDE
do PORTAL TRIÂNGULO, em ARAGUARI, (MG)

Os pesquisadores ressaltaram que parar de fumar e adotar um estilo de vida saudável continua sendo uma das melhores maneiras de reduzir o risco de câncer de pulmão.

Foto: Reprodução / Getty Images

O ibuprofeno é muito comum para inflamações e reduzir dores. Porém um novo estudo afirma que o medicamento pode ser benéfico para reduzir o risco de morte por câncer de pulmão em fumantes.

Nos Estados Unidos, o câncer de pulmão é um dos mais comuns tipos de câncer. Segundo o estudo, o ibuprofeno diminui a probabilidade de fumantes morrerem de câncer de pulmão. Os pesquisadores ressaltaram que parar de fumar e adotar um estilo de vida saudável continua sendo uma das melhores maneiras de reduzir o risco de câncer de pulmão.

"Estes resultados sugerem que o uso regular de certos medicamentos pode ser benéficos para os subgrupos de alto risco dos fumantes como uma estratégia de prevenção do câncer do pulmão.", finaliza o pesquisador.

No entanto, especialistas ainda recomendam novos estudos para comprovar os resultados.

Ser feliz faz você viver mais, afirma estudo

CARLA LOPES
do PORTAL TRIÂNGULO, em ARAGUARI, (MG)

Segundo um relatório da Universidade de Londres, pessoas com mais de 50 anos de idade com maiores sentimentos de alegria, felicidade, e satisfação estão mais propensos a viver até uma idade avançada.

Foto: Reprodução / Getty Images

A felicidade ligada com viver mais. Segundo um estudo, a felicidade na terceira idade pode aumentar ainda mais os anos de vida. Segundo um relatório da Universidade de Londres, pessoas com mais de 50 anos de idade com maiores sentimentos de alegria, felicidade, e satisfação estão mais propensos a viver até uma idade avançada.

O estudo foi publicado no British Medical Journal. Segundo o professor, Andrew Steptoe, ele usou uma 'medida muito básica de felicidade' neste estudo. O professor explica que para realmente entender como a felicidade afeta você na sua velhice 'você precisa dessas medidas mais pormenorizadas, com foco em questões em torno do bem-estar'.

A pesquisa analisou vida profissional, circulo social, e descobertas familiares de cada participante do estudo. Segundo o professor, ele encontrou participantes que afirmaram 'bem estar sustentado', essas pessoas ao longo do tempo tem o menor risco de morte, segundo o estudo.

"É uma boa notícia que a manutenção de uma perspectiva positiva pode nos ajudar a viver mais tempo, mas é triste que este relatório mostra quase um quarto das pessoas mais velhas sentem que não têm prazer no seu dia-a-dia. Sabemos que uma crônica falta de apoio de assistência social está tornando a vida uma miséria para milhões de pessoas mais velhas e mais de 1,2 milhões de pessoas mais velhas são solitários. Estas questões têm um impacto importante sobre a expectativa de vida das pessoas, bem como a sua felicidade.", explica a pesquisadora Caroline Abrahams.

Cientistas descobrem por que homens não tem ossos no pênis

ANA PAULA PIZARRO
do PORTAL TRIÂNGULO, em ARAGUARI, (MG)

De acordo com pesquisadores, mais longos ossos de pênis também foram vistos em espécies com reprodução sazonal e sistemas de acasalamento polígamo, que os seres humanos geralmente não têm.

Foto: Reprodução / Reuters

Você sabia que chimpanzés, ursos e a maioria dos outros mamíferos tem um osso em seus pênis. Cientistas afirmam ter descoberto o motivo que os homens não tem osso em seus pênis. Segundo a pesquisa, o osso do pênis evoluiu pela primeira vez em mamíferos em torno de 145 e 95 milhões de anos atrás.

A autora do estudo Matilda Brindle, da University College London, na Inglaterra, afirma que uma das razões pelas quais os seres humanos tinham perdido o seu osso do pênis era por não ter relações sexuais durante tempo suficiente para precisar de um.

"Os antepassados ​​comuns de ambos os primatas e carnívoros teve um báculo", disse ela. "Os seres humanos são bastante estranhos, como somos um dos poucos primatas que não têm um.", afirma a pesquisadora. 

De acordo com pesquisadores, mais longos ossos de pênis também foram vistos em espécies com reprodução sazonal e sistemas de acasalamento polígamo, que os seres humanos geralmente não têm.

"Sistemas de acasalamento Polygamous são onde vários homens e várias fêmeas, todos os acasalar com outro, como em chimpanzés.", explica a pesquisadora. "Enquanto o acasalamento poligâmico tem lugar entre os seres humanos, não é comum o suficiente para exigir a retenção do osso do pênis.", acrescenta a pesquisadora.

Segundo os pesquisadores, outras razões para a falta de osso no pênis é que o sistema de reprodução humana ocorre durante todo o ano e é menos competitivo do que o de outros animais.

Os pesquisadores explicam que chimpanzés só têm relações sexuais por cerca de sete segundos de cada vez, possuem uma pequena baculum, pequeno osso, sugerindo que pode haver pressão evolutiva entre macacos de perder o osso do pênis.

Os macacos têm um polígamo sistema de acasalamento em que a fêmea vai acasalar com vários machos de um dia, quando ela está no cio.

Segundo a pesquisa, testículos de chimpanzés machos são muito grandes - aproximadamente o mesmo tamanho como o seu cérebro -, porque eles produzem uma grande quantidade de esperma para acasalar com várias fêmeas.

"Em humanos testículos são um pouco menores, o que indica que não temos uma forte seleção tão para machos acasalamento com várias mulheres ao mesmo tempo.", explica a pesquisadora.

"Isso é provavelmente a coisa que finalmente se livrou do nosso báculo, que temos sistemas de acasalamento mais monogâmicos.", finaliza.