PROF. DR. FREDERICO CORRÊA
Médico Ginecologista
Professor do curso de medicina da Universidade Católica de Brasília
O endométrio é a camada de tecido composto por glândulas e estroma, que recobre internamente a cavidade do útero, sendo responsável pela menstruação quando descama ao final de um ciclo menstrual. A endometriose é uma importante doença ginecológica caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, ou seja, em qualquer outro lugar do corpo.
Teorias que explicam a endometriose
Existem várias teorias descritas em épocas distintas que tentam explicar a(s) causa(s) provável(is) da endometriose. Entretanto, parece que nenhuma destas teorias consegue explicar isoladamente o que causa esta intrigante doença.
Embriológica: Foi descrita no final do século XIX. Esta teoria propunha que a endometriose se originaria de remanescentes dos ductos de Wolff (Von Recklinghausen, 1885) ou remanescentes dos ductos de Müller (Thomas Cullen, 1896; Iwanhoff, 1898; Russell, 1899), que sofreriam processo de metaplasia transformando-se em tecido endometrial.
Metaplasia celômica: Proposta por Iwanhoff e Meyer, esta teoria sugere que as células celômicas que são totipotenciais e que estão presentes no peritônio e nos ovários, podem ser induzidas a se diferenciar em endometriose. Irritações repetidas do epitélio celômico, associada a uma variedade de fatores comuns, estímulos hormonais ou infecciosos, podem induzir células celômicas a se transformar em tecido endometrial.
Implantação: Também conhecida como teoria da menstruação retrógrada ou teoria de Sampson foi proposta pela primeira vez em 1927 por John Albertson Sampson. Esta teoria propõe que o tecido endometrial reflui retrogradamente pelas trompas em direção à cavidade pélvica e se implanta na superfície peritoneal e nos órgãos pélvicos e abdominais. Apesar das evidências esta teoria não consegue explicar todos os casos de endometriose e porque a endometriose só ocorre em cerca de 10% das mulheres apesar da menstruação retrógrada ocorrer provavelmente todas elas.
Disseminação linfática e hematogênica: Estas teorias foram propostas para explicar a presença de endometriose em locais fora da cavidade peritoneal. Desta forma as células endometriais se disseminariam para outros locais através do sistema linfático e vascular. A disseminação linfática foi proposta por Halban.
Extensão direta: Esta teoria sugere que a endometriose decorre da invasão pelo endométrio ectópico da musculatura uterina e da invasão direta de outras estruturas contiguas ao útero, como Poe exemplo a bexiga e uretra.
Iatrogênica ou mecânica: Esta teoria foi proposta em várias publicações por diversos autores. Propõe que a implantação de células endometriais durante a cirurgia levaria a endometriose de cicatriz cirúrgica, explicando, portanto o aparecimento de focos de endometriose nas cicatrizes de laparotomia (cirurgia abdominal) e de episiotomia (parto normal).
Composta: Proposta por Javert, esta teoria propõe que uma combinação de várias teorias como da implantação, disseminação linfática/hematogênica e da extensão direta poderia explicar a endometriose.
Fotos de Endometriose
Endometriose pélvica, bloqueio de fundo de saco posterior.
Endometriose de apêndice em paciente com endometriose pélvica severa.
Imagem de laparoscopia em paciente com endometriose pélvica moderada. Mostrando trompa esquerda obstruída, dilatada (hidrossalpinge) e com aderências provocadas pela endometriose. A obstrução das trompas uterinas é uma das causas importantes de infertilidade feminina em decorrência desta doença. Nestes casos a videolaparoscopia pode ser utilizada também para a realização da desobstrução tubária ou para retirada da mesma quando a melhor opção para o caso for a fertilização in vitro.
Imagem de laparoscopia em paciente com endometriose pélvica severa. Mostra a trompa esquerda com focos de endometriose ativa em cima à esquerda (áreas avermelhadas parecendo vesículas). Abaixo da trompa de forma arredondada e de cor branca está o ovário esquerdo com focos de endometriose e bastante aderido à fosso ovárica, à trompa e ao útero. Visualiza-se também aderências (trabéculas acinzentadas no centro da imagem) entre o útero e a região posterior a este chamada de fundo de saco posterior entre o útero e o reto.
Serviço:
Prof. Dr. Frederico Corrêa
Clinica Fertilité - Hospital Santa Lúcia, quadra 716, conj. C, Sala 309.
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Contato: (61) 3445-1262, (61) 3445-1263
Endometriose
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