domingo, 14 de dezembro de 2014

Sarampo

DR.LUIZ ANTONIO
Médico Pediatra

Sarampo é mais uma doença infectocontagiosa grave causada por um vírus (Morbilivirus) de altíssima contagiosidade. Introduzido num domicílio, esse vírus, certamente, irá infectar todas as pessoas que não tomaram a vacina nem tiveram a doença. A transmissão ocorre pelas secreções respiratórias.

As manifestações clínicas: a erupção cutânea característica são manchas avermelhadas, máculo-pápulares, que acometem áreas de pele, entre as quais há espaços não comprometidos pelas lesões, associada à febre alta, coriza, tosse, expectoração e conjuntivite que, na maior parte das vezes, evoluem sem complicações maiores. Entretanto, porcentagem não desprezível de casos podem evoluir com pneumonias, otites, sinusites e, às vezes, comprometimento do sistema nervoso central, até o óbito. No passado os pacientes morriam por infecções do próprio vírus e por bactérias oportunistas, que são bastante agressivos, porém com a evolução terapêutica destes últimos 30 anos estas taxas são menores. Em adolescentes e adultos tende a ser mais grave, no entanto, em crianças pequenas, particularmente nas que têm menos de um ano, é mais grave do que em crianças maiores.

O período de incubação varia entre 10 e 18 dias. Em média, no final da segunda semana após o contágio, começam a aparecer as manifestações da doença (febre e sintomas respiratórios) e dois ou três dias depois, a erupção cutânea aparece.

Não existe tratamento específico. As complicações bacterianas associadas são tratadas muito melhor que no passado, no entanto, com o surgimento da vacina, praticamente o vírus deixou de circular no nosso país.

A realidade mudou completamente com a descoberta da vacina contra o sarampo que começou a ser utilizada por volta de 1960. Alta eficácia, ela fez com que o sarampo, praticamente, fosse erradicado do nosso país. Para dar uma idéia do impacto disso, é importante lembrar que, no Brasil, antes da vacina, praticamente todas as crianças que nasciam pegavam a doença e parte delas evoluía com complicações eventualmente fatais. A vacina do sarampo confere proteção permanente, isto é, para toda a vida. Em 1992, a partir de uma campanha nacional contra o sarampo, a vacina foi mantida no esquema rotineiro de vacinação. Depois disso, o número de casos (1,2 milhões) baixou de tal forma que, desde 2001, não se registraram mais episódios de sarampo adquirido no país. Os que, por acaso, ocorreram foram todos importados. O esquema de vacinação brasileiro envolve a administração de duas doses. A primeira é dada logo depois que a criança completou um ano, geralmente sob a forma de vacina tríplice viral, isto é, que combina as vacinas do sarampo, rubéola e caxumba. A segunda dose é dada 3 meses após e desta vez a tetra viral – associada a catapora. Embora a vacina contra o sarampo seja muito eficaz, em cada cem crianças de um ano que são vacinadas, 95 ficam protegidas contra a doença. O objetivo da segunda dose, portanto, é proteger os 5% que não se beneficiaram com a primeira. Felizmente, estamos muito perto de atingir os 100%. Não há limite de idade para a segunda dose.

Hoje, o sarampo, ainda acontece em países da África e da Ásia onde a doença continua sendo a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos de idade devido a sua baixa cobertura vacinal. Na Europa, ainda se verifica vários casos da doença, portanto é preciso estar vacinado quando se visita estes continentes ou quando somos visitados por pessoas de lá.

Apesar de o sarampo ter deixado de ser um problema de saúde pública no nosso país, continua sendo potencialmente uma ameaça, se não mantivermos as coberturas vacinais permanentemente elevadas. Enquanto houver casos da doença no mundo, corremos o risco de importar o vírus. Em 2013 tivemos 171 casos confirmados, laboratorialmente, no Brasil, sendo 152 no estado do Pernambuco e nos primeiro 20 dias de janeiro de 2014 o Ceará já apresenta 10 casos (estamos em fev/2014).

A vacina é produzida no Brasil e uma dose custa alguns centavos de real. Portanto, em termos absolutos, a relação custo/benefício é bastante favorável à manutenção do programa.

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