quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Diverticulite


DR. FABIO THULER
Cirurgia Geral
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo




Diverticulose é a presença de pequenas bolsas que se projetam para fora da parede intestinal. No mundo ocidental 85% dos divertículos localizam-se no cólon sigmóide (parte final do intestino grosso, logo antes do reto). A diverticulite é a inflamação de um divertículo.


A diverticulose ocorre com freqüência semelhante em homens e mulheres, aumentando com a idade. Um terço das pessoas com mais de 50 anos e 2/3 daquelas com mais de 80 anos tem divertículos no cólon, porém a grande maioria é assintomática.


Como se desenvolve?


Apesar de não ser totalmente conhecida a origem, acredita-se que dois fatores estejam associados ao surgimento dos divertículos: o aumento da pressão no interior do intestino e um enfraquecimento de pontos da parede intestinal.


O que se sente?


Apenas uma minoria dos indivíduos tem queixas relacionadas à diverticulose. A queixa mais comum é de desconforto doloroso na região inferior esquerda do abdome com variável tempo de duração e que alivia com a eliminação de gases ou fezes. Diarréia ou constipação (intestino trancado/prisão de ventre) também podem ocorrer.


Complicações:


Diverticulite é a complicação mais comum, ocorrendo em algum momento da vida de 10-20% dos indivíduos com diverticulose. Quanto maior o tempo de evolução e quanto mais extensa a área com divertículos, maior é o risco dessa complicação. A diverticulite manifesta-se por dor forte na parte inferior esquerda do abdome, acompanhada de febre e, geralmente, constipação. Podem estar associados também náusea, vômito e diarréia com muco, pus ou sangue.


Os divertículos inflamados podem formar pus, criando um abscesso em seu interior e, por conseqüência, perfurar. Com a perfuração, o pus pode se espalhar ou não no abdome levando, respectivamente, à peritonite (inflamação de todo o abdome) ou ao abscesso localizado. (fig 2).


Complicações menos freqüentes são o sangramento, a formação de fístulas (comunicação anormal de um órgão com outro ou com o exterior) e a obstrução intestinal. O sangramento é mais comum em divertículos do lado direito do intestino grosso e pode ocorrer sem diverticulite. Após o primeiro sangramento a chance de outro é de 25%; após um segundo episódio, a chance de novas hemorragias chega a 50%. As fístulas decorrem da drenagem espontânea de um abscesso, o que pode ocorrer para a bexiga ou vagina, por exemplo. Obstrução do intestino grosso geralmente deve-se a sucessivas inflamações e cicatrizações de diverticulites, resultando em fibrose (cicatrização deficiente) e fixação do intestino.


Como o médico faz o diagnóstico?


Ao exame físico, o paciente com diverticulose tem uma sensibilidade aumentada ou dor à palpação na parte inferior esquerda do abdome. O Enema Opaco (Raio X do intestino grosso com colocação de contraste por via retal) é o exame que mais informações fornece quanto à localização, quantidade e extensão da doença. A retossigmoidoscopia ou colonoscopia (visualização direta do interior do intestino através de endoscópios introduzidos através do ânus) identificam os óstios (bocas) dos divertículos e servem também para diferenciar a diverticulose de outras doenças do intestino que possam causar sangramento, dor ou obstrução (câncer, pólipos, inflamação da mucosa, etc). Quando há diverticulite, pode não estar indicada a imediata realização de enema opaco ou colonoscopia. Nessa circunstância, além do exame direto do paciente pelo médico mostrar alterações evidentes, os exames de sangue podem ter sinais de infecção. Raio X abdominal sem contraste, ecografia e tomografia, podem ser úteis na fase aguda para identificar perfurações e abscessos.


Qual é o tratamento?


A maioria dos casos de diverticulose tem suas queixas melhoradas com tratamento clínico. Dietas ricas em fibras e/ ou remédios que umedecem e aumentam o volume das fezes, diminuindo o esforço para evacuar, podem aliviar sintomas, prevenir novos divertículos e, principalmente, diminuir complicações como a diverticulite. Remédios anti-espasmódicos que diminuem as contrações excessivas do intestino, podem ser usados. O estresse emocional também tem sido relacionado com aumento dos espasmos do intestino e, assim, com aumento do risco de divertículos e suas complicações.


O tratamento da diverticulite depende da gravidade do caso, variando desde repouso, dieta sem resíduos e analgésicos, até uso de antibióticos, internação hospitalar com reposição de líquidos pela veia e cirurgia. A cirurgia de urgência pode ser necessária quando há piora do estado geral, obstrução intestinal, perfuração da parede do intestino e infecção generalizada. Cirurgias eletivas (planejadas com antecedência) podem ser indicadas em jovens com a doença, já que seu risco de um novo episódio ao longo da vida é grande, em pacientes com crises freqüentes de diverticulite, naqueles com sangramento importante ou repetido, na presença de fístulas ou se há suspeita de outra doença associada (câncer, por exemplo). A cirurgia consiste basicamente na retirada da parte do intestino onde se encontram os divertículos, geralmente todo o cólon sigmóide. Algumas vezes não é possível realizar a junção das partes que restaram do intestino, sendo necessária uma colostomia com uma bolsa externa para coletar as fezes, em geral, temporária.


Serviço:
Dr. Fabio Rodrigues Thuler - CRM 105.237
Rua Costa Rica, 34, Americana, São Paulo
Contato: (19) 3461-1071

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